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Publicado em 30/05/2017 20h06

600 índios acampam no CAB; encontro reúne 22 povos indígenas do estado

BAHIA

"Tupã dará a providência que precisamos", disse a cacique Albertina Tapuia, 51 anos, para uma plateia atenta que lotou o auditório da Secretaria de Educação no Centro Administrativo da Bahia (CAB), na manhã desta terça-feira (30). Diante da chefe da aldeia que vive às margens do Rio São Francisco, estavam parte dos 600 índios de 22 povos indígenas do estado, que estão acampados desde a segunda-feira (29), ao lado da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).

O acampamento é uma iniciativa do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba) e a intenção do encontro é reunir diversos povos para discutir sobre demarcação dos territórios, saúde, educação, violações dos direitos e política indigenista.

De acordo com o presidente da Mupoiba, Kâhu Pataxó, cerca de 80% das 22 etnias da Bahia não possuem o reconhecimento de suas terras. Entre as pautas que serão discutidas durante a semana, essa é a que mais preocupa os participantes. "Para garantir direitos como saúde e educação, por exemplo, precisamos de um outro: a demarcação das terras indígenas. Sem o reconhecimento de nossas terras, não conseguimos escolas e não temos acesso à saúde", explica.

A Constituição Federal garante aos povos indígenas o direito sobre as terras que são tradicionalmente ocupadas por eles. Mas a conquista pela posse do chão, para algumas tribos, é ameaçada pelo agronegócio. A cacique Albertina, por exemplo, viu parte dos seus parentes migrarem para um povoado da cidade Muquém do São Francisco, no Vale do São Francisco, na década de 1970, depois que um suposto dono das terras exigiu a retirada dos Tapuias da região.

Fora das terras
"Na época, um homem pediu a nossa retirada da área. Meu pai, por não ter esclarecimento, decidiu sair de lá aceitando a proposta de ocupar uma outra terra. Agora, moramos entre brancos e não temos como pescar e plantar", lamenta a cacique. Das 33 famílias que pertencem à etnia Tapuia da cidade de Muquém, 22 procuram os centros urbanos em busca de oportunidades.

Apesar de ter a garantia de um lugar para plantar e colher, os cerca de 100 índios aldeados da tribo Kiriri, da cidade de Muquém, precisam dividir cinco profissionais de saúde, entre eles médicos, enfermeiros e dentistas, como outros mil indígenas de outras cinco etnias que vivem entre os limites dos municípios de Muquém e Ibotirama.

"As visitas dos profissionais acontecem em alguns dias da semana e não contamos com o serviço médico que nos dê suporte 24 horas. Quando acontece alguma coisa grave, temos que ir até um posto médico mais próximo que fica a cinco quilômetros da aldeia", lamenta a índia Damina Kariri, 32.

Os índios permanecem acampados até quarta-feira (31). Até lá, acontecem atividades como mesas redondas, palestras, grupos de trabalho e encontros culturais. Na quarta também acontece um ato no Campo Grande, às 14h.

Autoria: Correio da Bahia

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