Menos de um minuto de bola rolando. Alegria jocosa da torcida brasileira. Não por algo que tivesse acontecido na Arena Palmeiras, onde a Seleção enfrentava o Chile, mas pela intensificação do drama argentino com o gol do Equador a mais de 4 mil km dali, em Quito.
Era só o começo. A estrela do gênio que muitos insistem em colocar como anti-herói em sua própria pátria brilharia intensamente. Após muitas lágrimas derramadas, de desespero e alívio num tango sombrio com três gols de Messi como gran finale, já se pode cravar: a Argentina não deixará o Brasil bailar sozinho em 2018, na Copa da Rússia. Os eternos rivais estarão lá, novamente brigando pela taça.
A Seleção já estava classificada há muito tempo – garantiu-se ainda em março. Nesta terça-feira, 10, acompanhava ‘de camarote’ (modo de dizer mesmo, pois jogava tão sério que fez 3 a 0 sobre os chilenos em São Paulo) o sofrimento dos vizinhos. Não só da Argentina, que conseguiu a virada, venceu os equatorianos por 3 a 1 e fechou as Eliminatórias na terceira posição. Mas também de outros cinco países que ainda brigavam por vaga.
O Chile encerrou um ciclo iniciado por dois títulos de Copa América com uma frustrante eliminação. O jogo na capital paulista colocou mais um ponto de exclamação no momento mágico vivido pela Seleção de Tite, que derramou talento com os gols de Paulinho, aos nove, e Gabriel Jesus duas vezes, aos 11 e aos 48 minutos da segunda etapa. Ao mesmo tempo, deixou os chilenos na sexta colocação.
Em quinto ficou o Peru, que contou com o gol de Guerrero aos 31 do segundo tempo para empatar com a Colômbia, por 1 a 1, em Lima. Assim, encara a Nova Zelândia na repescagem para tentar voltar a um Mundial depois de 36 anos. Do outro lado, os colombianos celebraram a conquista da vaga direta, no quarto lugar.
De maior conforto gozava o Uruguai, que tinha enorme chance de se garantir na Copa mesmo perdendo. Ainda assim, bateu em casa a Bolívia, por 4 a 2, para finalizar o torneio em segundo.
Messi decide
Mas nada nesta noite histórica de terça-feira chamava mais atenção do que a possibilidade de Messi e a Argentina ficarem fora do Mundial. Messi disse não. Três vezes.
Em resposta ao gol equatoriano de Ibarra com 37 segundos de jogo – o segundo mais rápido da história das Eliminatórias Sul-Americanas – o craque arrancou da intermediária, tabelou com Di María e tocou por entre as pernas do goleiro para, aos 12 minutos, igualar o marcador.
Depois, teve de fazer tudo sozinho. Aos 19, consertou passe quadrado de Di María com um desarme e um chutaço de esquerda. E, aos 17 do segundo tempo, amansou uma bola no peito, avançou e tocou por cobertura para finalizar o espetáculo. Agora é o maior artilheiro da história das Eliminatórias locais: 21 gols, contra 20 de Suárez. Muito bom. Mas ele terá de fazer muito mais se quiser superar o Brasil na Rússia.
Neymar, com sua intensidade, dribles e passes; Philippe Coutinho, com lançamentos impressionantes; Gabriel Jesus, com dois gols; Paulinho, com seu oportunismo peculiar. Armas que a Seleção voltou a mostrar nesta terça e devem inspirar o respeito de todos.
Autoria: A Tarde