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Publicado em 09/04/2018 08h56

Casos de tuberculose na Bahia preocupam

SAÚDE

Tratamento é feito em unidades básicas e inclui postos de saúde da família com distribuição de medicamento - Foto: Luciano Carcará l Ag. A TARDE

O cenário da tuberculose no estado e em Salvador é “preocupante”, alertam gestores ligados aos programas de controle da doença do governo e da prefeitura. Em nível estadual, um plano de controle está sendo elaborado para tentar eliminar a tuberculose até 2035.

Coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose da Bahia, Maria Aparecida Rodrigues contou que o objetivo do plano de controle que deverá ser finalizado até junho deste ano é reduzir a incidência registrada em 2017, de 29 casos por 100 mil habitantes, para 10/100 mil.

A taxa de óbitos também é alvo da tentativa de redução, de 1,9 óbito por 100 mil habitantes para 1/100 mil. O abandono do tratamento é outro aspecto que será focado. A taxa atual é de 8% e a meta é chegar a menos de 5%.

Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), a Bahia é o quinto estado com maior número de pessoas com tuberculose e, entre os da região Nordeste, ocupa a segunda posição. Ano passado, foram registrados 357 óbitos por tuberculose. Em Salvador, foram 104.

“A situação é preocupante no estado, assim como no cenário nacional. Há uma tendência de aumento. A tuberculose é uma doença eminentemente de cunho social, associada a vulnerabilidades como condições de moradia e saneamento”, afirmou Maria Aparecida.

O plano de controle envolverá aspectos como os cuidados com as pessoas com tuberculose, além de mobilização e integração com universidades, entre outros.

Dados

Em 2017, a Bahia registrou 4.610 casos novos de tuberculose. Em 2016, foram 4.514 ocorrências. Este ano, já foram computados 615 ocorrências no estado e 230 em Salvador. De acordo com a Sesab, a faixa etária mais atingida é de 20 a 49 anos, onde se concentram 55,2% dos casos. Os dados são preliminares, pois ainda está sendo feito um balanço das ocorrências.

Ainda segundo dados da Sesab, em 2017, Salvador concentrou 35,2% dos casos novos de tuberculose na Bahia. Dos 417 municípios, 30 (lista ao lado) concentram 67,3% dos casos novos da doença no estado.

Com relação à capital baiana, informações da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) dão conta de que Salvador ocupa o quarto lugar no ranking de mortalidade entre as capitais do país.

Em 2017, foram computados 1.613 casos. O número é maior que os 1.606 de 2016, quando ocorreram 84 mortes pela doença. A taxa de incidência informada pela SMS foi a de 2016, com 55,4 casos por 100 mil habitantes.

“A situação de Salvador consegue ser pior que a do estado. A taxa de incidência é praticamente o dobro. Nós estamos capacitando unidades de saúde para diagnosticar os casos e tratá-los. O fundamental é diagnosticar precocemente”, disse o médico clínico Afonso Roberto Batista, integrante do programa municipal de controle da tuberculose.

Incidência

De acordo com a SMS, os distritos sanitários Cabula/Beiru, São Caetano/Valéria e Subúrbio Ferroviário registraram os maiores números de casos. Entretanto, as regiões com maior incidência de tuberculose são os do Centro Histórico, São Caetano, Valéria e Liberdade.

“O tratamento pode ser feito nas 124 unidades básicas de saúde e inclui postos de saúde da família, onde é distribuído o medicamento gratuitamente. A comunidade pode ligar para o telefone 156 e obter as informações sobre as unidades que oferecem o tratamento”, ressaltou, em nota, a SMS.

Professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Ufba, Suzan Pereira destacou aspectos que devem ser observados e que são temas de estudos no instituto. O primeiro deles é a manutenção de programas sociais de redução de desigualdade de renda. “A tuberculose é uma doença sensível às desigualdades sociais. Estudos mostraram que indivíduos em programas como o Bolsa Família reduziram os casos da doença”.

O segundo aspecto é relacionado à adesão ao tratamento de pelo menos seis meses e a necessidade de programas sociais para evitar o abandono. “Por fim, temos a questão do aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes. A associação entre essas doenças é um fator de risco. Essas pessoas ficam mais suscetíveis à tuberculose”, finalizou.

Autoria: A Tarde

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