Durante o mês de março, a Câmara Municipal de Camaçari realizou algumas atividades para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8. Nesta sexta-feira (22), aconteceu, no plenário da Casa Legislativa, a Sessão Especial Direitos da Mulher, com o tema: "Mulher e Democracia: Nenhum Direito a Menos". A atividade foi proposta pelas parlamentares femininas da Casa Legislativa, as vereadoras Fafá de Senhorinho (DEM) e Dra. Cristiane Bacelar (PRB).
Fafá de Senhorinho iniciou comentando sobre a necessidade da mulher se manifestar quando sofre qualquer tipo de violência. "Não se cale, denuncie, isso é de grande importância para que as mulheres tomem mais coragem e atitude. Esta sessão fará com que a sociedade camaçariense reflita sobre os direitos da mulher", disse a parlamentar.
Em seu discurso, Dra. Cristiane Bacelar enfatizou que as mulheres devem ter seus direitos garantidos sempre. "As mulheres estão cada vez mais buscando seus direitos em diversos lugares na sociedade. Através dessa discussão, podemos levar para casa uma reflexão mais aprofundada", disse.
A primeira palestrante, a advogada criminalista Thais Bandeira, falou sobre a importância da Lei Maria da Penha. "Antes da Lei, muitas situações não chegavam ao nosso conhecimento, após ela, os atos de violência passaram a ser contabilizados. Com isso, muitas políticas públicas começaram também a acontecer", salientou. Na oportunidade, ela ainda disse que nem toda violência contra a mulher é física. "A violência psicológica acontece no nosso dia a dia. Homens que se sobrepõem sobre a mulher, interrompendo a fala da mesma, cortando a sua voz e o seu pensamento. Este também é um tipo de violência", complementou.
Um dos tópicos abordados pela coach Tiana Magalhães, a segunda palestrante do evento, foi sobre autonomia profissional da mulher. "Ter autonomia é tomar posse da nossa vida, das nossas escolhas, mas é também pedir ajuda seja qual for o lugar onde a mulher esteja inserida na sociedade. Se não está conseguindo fazer sozinha, peça ajuda", comentou.
A coordenadora do Centro de Referência em Atendimento à Mulher Yolanda Pires (CRAM), Bela Batista, falou sobre os serviços prestados pela instituição. "Falar de violência doméstica é algo muito comum no nosso dia a dia. Um fenômeno que atinge mulheres e meninas independente de raça, religião ou classe social. O Centro atende todo tipo de mulher, porém, existe um perfil que sofre com maior incidência", iniciou.
Segundo a gestora do CRAM, somente nos primeiros dias deste ano, 1.756 mulheres vítimas dos mais variados tipos de violência já procuraram a unidade. "Em sua maioria, ela é negra, tem entre 30 a 35 anos, com filhos, e depende financeiramente do parceiro", comentou. "Felizmente, hoje contamos com dispositivos para que elas possam denunciar os maus tratos, não deixando-os impunes", complementou.
Também presente na sessão, a jovem Eva Luana, que por quase 9 anos sofreu diversos tipos de violência cometida pelo padrasto, enfatizou a importância da união entre as mulheres e sobre a sua luta, conhecida em toda a mídia, nas últimas semanas. "Tive que sepultar a minha dor para lutar por outras meninas. Passar por cima dos comentários negativos que, infelizmente, ocorreram sobre o meu caso", falou.
O vereador Rui Magno (DEM) também se manifestou na sessão. "Vemos mulheres sendo fragilizadas e desrespeitadas. Elas têm que saber que são fortes, e que representam a maioria no mundo", disse.
A atividade foi finalizada com a leitura de um Termo de Compromisso, idealizado pelas parlamentares requerentes da sessão. O documento pretende chamar atenção das autoridades competentes e sociedade organizada para a implantação da Ronda Maria de Penha no município.
Também estiveram presentes os vereadores Flávio Matos (DEM), Teo Ribeiro (PT), Vaninho da Rádio (DEM), Jackson (PT), Marcelino (PT), Zé do Pão (PTB), Niltinho (PR) e Adalto (Sem Partido).
Autoria: CT/ ASCOM