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Publicado em 26/10/2021 08h11

Consumo de carcaça de frango aumenta na pandemia

CRISE

 

O impacto econômico decorrente da pandemia do novo coronavírus teve um efeito devastador sobre a segurança alimentar do brasileiro. Com a alta dos preços dos gêneros alimentícios, a população está buscando formas de substituir os itens que estão pesando mais para o consumo. Uma nova prática, bem atual, no entanto, vem assustando os cidadãos nos últimos tempos: a venda e o consumo de produtos que seriam praticamente destinados ao lixo, vistos como restos, para a alimentação humana.

Quem circula pelos açougues e abatedouros de Salvador, por exemplo, tem notado que pedaços de carne ou de frango antes jogados no lixo passaram a ser bastante procurado pelos consumidores. Na região da Sete Portas é possível encontrar até carros circulando pelas ruas vendendo carcaças de galinha. No pacote vende todo tipo de carcaça, inclusive pés, pescoço e moela.  Segundo o proprietário do Abatedouro Polaca, no Matatu, Antônio Carlos Cruz, a procura nos últimos três meses por carcaças aumentou mais de 30%. Os valores já estão fixados: pés R$ 9,90 kg e carcaça R$ 12 kg. 

“Há três meses que tenho recebido muita demanda aqui no abatedouro. Há 44 anos que tenho esse abatedouro. Nunca vi nada parecido com que estou vendo nesses últimos meses com relação à demanda por essas partes do frango. O cenário é muito difícil. Antigamente a gente dava esses pedaços”, relatou Antônio Carlos ao destacar que aos sábados chega a ter mais de 40 pedintes no abatedouro.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, o país vive uma situação delicada, no entanto, o consumo desses cortes menos tradicionais não indica redução do consumo geral da peça. “O quadro social é delicado em todo o país, desencadeando efeitos em todos os setores econômicos da sociedade. No entanto, o consumo de cortes mais baratos não indica redução de consumo de outros cortes, apenas a ampliação de consumo.”, explicou.

Fatores

Um dos fatores que explica também a crescente dificuldade dos brasileiros em se alimentar adequadamente é a perda do poder de compra. O auxílio emergencial, por exemplo, que, no ano passado, em seu valor máximo (R$ 1.200), chegou a comprar duas cestas básicas e sobrar, agora, mesmo em seu maior valor (R$ 375) não compra nem uma da cesta em Salvador. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o custo médio da cesta básica na capital baiana no mês passado foi de R$ 478,86.

"A alta expressiva no custo de produção tem desencadeado alta nos preços dos produtos nas gôndolas. Entretanto, mesmo com esta elevação, os níveis de consumo devem manter o ritmo, já que são proteínas estratégicas para a segurança alimentar nacional”, finalizou o presidente da ABPE.

Carne bovina

Se comprar um frango inteiro está caro, isso se torna um desafio ainda maior quando o assunto é carne de boi. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2021, o consumo de carne bovina no Brasil deverá ser de 26,4 quilos por pessoa, uma queda de quase 14% em relação a 2019, ano anterior à pandemia, e de 4% ante 2020. Esse é o menor nível registrado para consumo de carne bovina no país em 26 anos. Até agosto, as carnes acumulavam aumento de preço de 30,8% em 12 meses, bem acima da alta de 9,68% da inflação geral, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Autoria: TRIBUNA DA BAHIA

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